Por Merval Pereira (Transcrito do Blog do Noblat)
Chico
Buarque, ao apoiar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, disse uma frase
sobre o governo brasileiro que ficou famosa: “Ele não fala fino com Washington,
nem fala grosso com a Bolívia”.
O que
parecia uma qualidade de nossa política externa mostrou-se, no entanto, um
defeito, pelo menos em relação a nossos vizinhos bolivarianos.
De
fato, não falamos grosso com a Bolívia, nem com o Paraguai, nem com a
Venezuela, mas deveríamos fazê-lo em algumas situações.
Se antes
tínhamos um “complexo de vira-lata” nas relações internacionais, segundo
diagnóstico do ex-presidente Lula, hoje temos um “complexo de gorila”.
Temos
receio de sermos vistos como imperialistas na América do Sul e nos submetemos a
vários vexames desnecessários e inaceitáveis.
Agora
mesmo ficamos sabendo que aviões da FAB usados por autoridades brasileiras,
inclusive o ministro da Defesa, Celso Amorim, foram revistados abusivamente por
agentes antidrogas do governo da Bolívia.
O
acinte aconteceu não uma única vez, mas três, e somente então o governo
brasileiro fez um protesto formal, que só se tornou público dois anos depois,
quando o fato foi revelado pela imprensa.
A
Bolívia já expropriou uma refinaria da Petrobras, e ficou por isso mesmo.
Agora, recusa-se a permitir que o senador oposicionista Roger Pinto Molina,
asilado há mais de um ano na embaixada em La Paz, embarque para o asilo
político em Brasília.
E nós,
no nosso “complexo de gorila”, vamos falando fino com nossos vizinhos.
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