quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

ABISMO

Por Luciana Portinho

Mais do que com governo (governos) tem me preocupado os brasileiros. Estes, sim, me assustaram nos últimos meses.

A sociedade brasileira aceitou ser jogada em um embate de interesses políticos/econômico, quase sempre turvo.

Aliás, há alguns anos, a agenda política nacional foi toda contaminada, por uma eleição presidencial que estava por vir, veio e passou.

Só não passou, e isto é o que me espantou, foi a baixaria do debate que tomou conta das redes sociais e mídias.

Discursos histéricos anacrônicos se tornaram, ou melhor, tomaram assento nas páginas principais dos principais noticiários da grande mídia.

Experientes jornalistas abriram mão de suas funções de reportar e refletir. Optaram, pura e simplesmente, em fazer carga.

Assistir a um telejornal, por exemplo, é se dispor a ouvir, o mesmo ponto de vista dito por profissionais diferentes. Mudam os nomes, o gênero, os enfoques, mas, a retórica é uma só: pau na presidente.

Nas redes sociais o buraco é ainda mais fundo. Aí, já sem a pretensa seriedade, é xingamento nu e cru, não sobra pedra sobre pedra.

Os parâmetros da convivência democrática estão esgaçados. 

Até parece que inexistem instituições no Brasil. Descontruir é o exercício individual da moda, esquecendo-se de que descer ladeira é mais fácil do que subir.

Difícil mesmo é o processo de construção; leva tempo, demanda esforço intelectual, exige planejamento, requer paciência, sensibilidade e negociação que em última instância é a matéria prima da política.


Caiu a máscara.

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