Por Reinaldo Azevedo, colunista da Veja
Eduardo Campos, candidato do PSB à
Presidência da República, ex-governador de Pernambuco e ex-ministro, está
morto. Tinha 49 anos. Um acidente aéreo, em circunstâncias ainda desconhecidas,
pôs fim a uma trajetória exitosa.
Há exatos nove anos, morria Miguel Arraes,
seu avô, de quem era o herdeiro político. Querem saber? Pior para o país. O que
vai acontecer agora? O resto é escuro.
Por mais que seja desagradável entrar
neste tipo de conjectura, ela precisa ser feita. Vamos ao que não pode
ser feito: o PSB não pode, por exemplo, se coligar a uma nova frente
partidária. Fica com uma de duas escolhas: ou lança uma candidatura ou não
lança ninguém. Nessa segunda hipótese, mesmo sem coligação formal, seu tempo na
TV não pode nem ser usado em defesa de outra candidatura.
A saída que parece natural —
desprezados os fatores contrários, dos quais tratarei — é Marina Silva, que
veio da Rede, mas está filiada ao PSB, se transformar na candidata do partido.
Não custa lembrar que, na última pesquisa Datafolha em que seu nome foi
testado, em abril, ela apareceu com 27% dos votos, contra apenas 14% de Campos.
Isso não quer dizer que os números se repetiriam hoje.
O tucano Aécio Neves,
então, tinha apenas 18%; no mais recente Datafolha, está 20%. O ex-governador
de Pernambuco havia caído na preferência do eleitorado e marcou apenas 8%. Se e
quando o nome de Marina voltar a frequentar as pesquisas, o que vai acontecer?
A realização de um segundo turno sempre
foi mais provável com Marina como candidata do PSB do que com Campos. E esse
será certamente um fator muito forte a pesar em favor do seu nome. Mas a
solução não é nada simples.
Campos e a líder da Rede conseguiram
firmar um entendimento que transitava muito mais no terreno afetivo do que no
das afinidades eletivas.
A relação de Marina com o PSB chega a ser, em muitos
casos, explosiva. Há mais divergências de ponto de vista do que convergências.
O tempo na TV, destaque-se, é do partido. Com Campos vivo, sempre se apostava
que os dois conversariam e que se chegaria a um consenso ao menos afetivo. Sem
ele…
Não é só uma questão de agenda, não.
Também há dificuldades nos Estados. Marina tentou implodir uma série de
alianças feitas pelo PSB — e São Paulo é um exemplo claro disso.
A dificuldade,
em suma, está em o PSB ungir a candidatura de alguém que sabe não pertencer ao
partido. Daqui a pouco, não é segredo para ninguém, ela ruma para a sua própria
sigla e leva junto os membros da Rede que conseguirem se eleger.
Não há perspectiva de futuro que
consiga, no entanto, nos tirar da perplexidade.
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