Por Alexandre Bastos,
O
debate de temas polêmicos, como aborto e legalização da maconha, deve ficar
abafado nas campanhas dos três principais candidatos à Presidência da República
até a realização do primeiro turno das eleições.
Com essa estratégia, a
presidente Dilma Rousseff (PT) e os oposicionistas Aécio Neves (PSDB) e Eduardo
Campos (PSB) buscam não desagradar os evangélicos, que representam 22,2% da
população brasileira, segundo o IBGE.
Para
especialistas, o peso do voto religioso freia uma discussão mais ampla sobre
temas ligados, por exemplo, aos direitos das mulheres, direitos dos
homossexuais e ao combate ao tráfico de drogas.
O comentarista político Kennedy
Alencar avalia que compromissos políticos estabelecidos durante a campanha vão
comprometer as decisões do próximo presidente. “São assuntos que pertencem
basicamente ao Congresso.
Se são levados à disputa presidencial, os candidatos
ficam de mãos atadas se quiserem lidar com a questão do aborto, por exemplo, do
ponto de vista da saúde pública”, argumenta. “Dessa maneira se congelam temas
que merecem debate, respeitadas todas as posições.”
Marcos
Pereira, presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), legenda ligada à
Igreja Universal, defende que os posicionamentos sobre questões do campo moral
sejam claros entre os candidatos. “Se tiverem que se posicionar, devem fazer
isso abertamente para não deixar dúvidas sobre o que pensam.
O eleitorado
evangélico acaba tomando a resposta duvidosa como algo contrário ao que ele
pensa”, disse o bispo, ressaltando que, no primeiro mandato, Dilma não fomentou
nem apoiou a discussão de temas polêmicos.
Evangélico
vota em evangélico? - A novidade da eleição presidencial deste ano é um
candidato pastor. Quarto colocado nas pesquisas,
Everaldo Pereira,
vice-presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC) e líder da Assembleia
de Deus, está com 3% das intenções de voto, de acordo com o Ibope. Villa
considera que, para uma “pessoa desconhecida”, o índice é significativo.
“A
aprovação dele é grande no Rio de Janeiro, o segundo maior colégio eleitoral do
País. Se permanecer nessa faixa, será extremamente importante para a realização
de um segundo turno”, analisa.
Alexandre Bastos é jornalista
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