Há um bom tempo atrás, na bucólica Rio Santo de Minas, um amigo nosso, carioca, era chamado atenção pelo delegado local pelo fato de se encostar acintosamente nas mulheres enquanto pulava o baile de carnaval. O doutor, gente boa, por diversas vezes repetiu o mesmo recado: Manéra, amigo, manéra!
Qual o quê, o malandrão não dava à mínima e, o chefe da policia apenas sorria; aquele sorriso duma paciência que não existe mais. Lá pelas tantas, uma donzela juramentada não aguentando mais tantas mãos bobas do inconveniente pagou uma geral para o delegado: “Você não vai fazer nada, Horácio?”.
O delegado suspirou fundo, e tomou a atitude que até então relutava e, puxando o elemento pelo braço, o levou para fora das dependências do Clube com uma descompostura firme:“Você não volta mais para o baile, vá embora e não apareça mais aqui”.
É, mais o malandrão não se deu por satisfeito e apelou: “Qualé amizade, não fiz nada demais, estava apenas me divertindo. Se o senhor quiser referências da minha pessoa, é só perguntar pro Oscarzinho, eu sou amigão desse cara, e ele poderá dizer o quanto sou cabeça feita e cobra criada”.
O delegado arregalou os olhos, os instintos primitivos vieram à tona e mudou o jeito bonachão de ser, e de dente cerrados, com toda raiva: “Seu babacão, bastava pedir desculpas que o deixaria até retornar ao baile, mas não, você falou o nome da pessoa mais detestada aqui da cidade, o Oscarzinho, e só por isso, você está preso”.
Lembrei-me disso, em razão dos que estão a fazer proselitismo do que há de pior na politica brasileira e, mais propriamente os daqui da terrinha. Pessoas entusiastas, sem conhecimento de causa e do perigo, estão no Facebook a fazer apologia dos Oscarzinhos de validade vencida na lei, na ordem e na liberdade.
Democracia não é sair por aí de plaquinhas exaltando quem já deu provas de que não é serio com o erário publico. E assim como o delegado de Rio Santo dos anos 70, tudo tem o tempo e a tolerância; a desfaçatez em achar que o povo é otário fez com que muitos fossem execrados em praça pública, a história nos conta isso.
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