"AINDA VAI LEVAR UM TEMPO"

Carlos Gilberto Triel

Se a cada um será dado segundo as suas obras e, com a economia a nortear o poder, e as sandálias franciscanas made in Argentina numa nova ordem de fé, também é bíblico que a turma que anda aprontando com a farra do Deus dos milagres está com seus dias contados.

O acadêmico Candido Mendes, membro do Conselho das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, em artigo no Globo na semana passada, diz que a exploração do evangelismo se aproveita cada vez mais da nossa subcultura.

E que do campo político ao da dominação dos crentes, na orgia sexual do pastor Marcos Pereira, os fiéis de sua igreja estão às portas do presídio em batas coloridas a esperas pelo seu ídolo.

E o acadêmico carrega nas tintas ao dizer que foram salvas pelo sexo na retribuição exigida pelo abraço do pastor. E que absurdo se dá desde o anúncio do milagre de auditório até o obscurantismo insuportável à democracia brasileira.

Mas péra lá, Senhor Acadêmico, mesmo do alto dos seus 84 anos, creio que talvez não tenha assistido a defesa que está sendo feita do pastor Marcos, pelas pessoas mais representativas do nosso mundo político e social.

É muita gente dizendo que isso uma armação contra o venerável homem de Deus, que tudo não passa de perseguição religiosa contra uma pessoa do bem, cujo pecado maior foi de enfrentar os poderosos em sua luta contra as forças de Lúcifer.

Aqui mesmo em Nova Iguaçu, ainda se ouve, com menor intensidade é claro, um ex-vereador do PC do B, pontilhando um ou outro palpite sobre o pastor, sempre com uma vela acesa à conveniência e outra ao não me comprometa.

E diante dessa imensa plateia catequizada por Marcos Pereira, Marcos Feliciano e Cia que põem à luz um submundo travestido de evangelismo, mais que assegurados pelas leis, estão como nunca a se multiplicar na impostura dos milagres midiáticos.

E que venha a enxurrada de votos que essas figuras ainda dispõem para seus respectivos partidos nas próximas eleições, pois não faltará marqueteiro sem escrúpulos para associar essas aberrações ao mesmo madeiro do Jesus crucificado.