Por Alexandre Bastos
A Polícia Civil vai pedir à Justiça a
quebra do sigilo bancário de Sebastião Rodrigues Machado Júnior, o Nayt,
assessor do deputado estadual Geraldo Pudim (PR), e de outros suspeitos de
envolvimento no recrutamento de ativistas “profissionais” para a realização de
atos como o Ocupa Cabral e Ocupa Câmara.
Conforme O GLOBO revelou ontem (10),
uma investigação iniciada há cinco meses levantou evidências de que Nayt atuou
como interlocutor entre integrantes do PR — presidido no Rio pelo deputado
federal Anthony Garotinho — e um grupo de manifestantes.
Pelo menos seis deles vieram de estados
das regiões Norte e Nordeste, inclusive Jair Seixas Rodrigues, o Baiano, preso
sete vezes desde o início dos protestos na cidade.
Com a quebra do sigilo bancário dos
suspeitos, a polícia espera rastrear supostas remessas de dinheiro para
ativistas “profissionais”, que, de acordo com investigadores, compravam
alimentos, barracas e passagens para grupos de manifestantes, além de cobrirem
outros custos.
Um dos beneficiados teria sido Baiano,
que, detido por desacato e danos ao patrimônio, acabou sendo solto após o
pagamento de fianças. Preso pela última vez durante os distúrbios de 15 de
outubro, ele permanece na cadeia sob as acusações de atear fogo a um ônibus e
de depredar um carro da PM.
Coordenada pelo Departamento Geral de
Polícia Especializada (DGPE), a investigação sobre os ativistas
“profissionais”, realizada em conjunto com a Delegacia de Repressão aos Crimes
de Informática (DRCI) e a Coordenadoria de Informações e Inteligência (Cinpol),
inclui depoimentos de Anderson Harry Grutzmacher, ex-militante do PR que
denunciou um suposto esquema de recrutamento de manifestantes.
Anderson chegou a gravar conversas com
o secretário-executivo do PR, Fernando Peregrino, e outros integrantes da
cúpula do partido.
Num diálogo de quase meia hora, eles
discutem a contratação de manifestantes para um protesto em frente à casa do
senador Lindbergh Farias (PT).
Ontem, Peregrino confirmou que se
reuniu com Anderson, mas disse não se lembrar do teor da conversa. Ele negou
que o PR pague pessoas para se infiltrar em manifestações: “Não existe isso de
o partido pagar militantes. As manifestações de rua ocorreram pela insatisfação
com os governos e os políticos. No Rio, o alvo é o governador Sério Cabral, e
nosso partido também discorda da maneira como ele governa. Para mim, esse
Anderson é que pode ser um infiltrado político, possivelmente ligado ao PMDB”,
disse.
No Facebook, Nayt negou conhecer Baiano
e Anderson. No texto, ele se apresenta como militante do movimento negro e
“ativista da questão racial negra com destaque para a questão quilombola”. Para
Nayt, a reportagem tenta usá-lo para atingir o deputado Anthony Garotinho.
Garotinho não quis dar entrevistas.
Segundo sua assessoria de imprensa, o que ele tem a dizer sobre o assunto está
em seu blog.
Pela internet, o ex-governador afirmou
que a direção de seu partido não financiou qualquer grupo para participar de
manifestações. “Se alguém o fez, foi por conta própria, e tem o direito de
fazê-lo e arcar com as consequências”, afirma Garotinho num trecho do
comunicado.
Fonte
A Folha da Manhã (Blog do Bastos)
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