domingo, 12 de abril de 2015

"OS GAFANHOTOS SÃO OS OUTROS"

Por Olavo de Carvalho

É natural no ser humano o desejo de sentir que é bom, que maus são os outros.

A maneira mais óbvia de obter esse efeito hoje em dia é aderir, da boca para fora ou sinceramente, a grandes ideais humanitários, desempenhar o papel de amigo da espécie humana.

Esses ideais vêm prontos da ONU, da mídia, dos partidos políticos, dos intelectuais ativistas. É só grudá-los na lapela e sentir-se bom.

Acontece que, EM CEM POR CENTO DOS CASOS, aderir a um ideal sem tê-lo examinado criticamente e comparado honestamente com outros ideais possíveis, sobretudo sem ter avaliado, no confronto com a História dos milênios.

Os possíveis efeitos concretos da sua realização, é sobrepor um símbolo convencional da bondade à bondade genuína, que requer prioritariamente o amor à verdade.

É aderir a alguma mentira fácil e reconfortante para não ter de arcar com as responsabilidades da inteligência humana.

O homem que segue docilmente a bondade verdadeira tem horror de paramentar-se com a bondade real ou aparente dos seus ideais e nunca se mede por eles, mas pela realidade da sua vida interior, pela consciência de quanto é difícil acertar e fazer o bem, mesmo em pequenas coisas.

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