Por Alexandre Bastos
Há 48 anos, ao ser empossado governador
do Maranhão, José Sarney era idolatrada por uma multidão e prometia uma
revolução.
A solenidade, marcada pelo início do
domínio político da família no estado e pela denúncia de problemas existentes
até hoje, foi documentada pelo cineasta Glauber Rocha.
Em pouco mais de dez minutos, enquanto
Sarney fala, imagens dos problemas sociais do Maranhão são exibidos. Glauber
filmou a posse a convite de Sarney.
“Maranhão 66”, lançado à época em
sessão especial no Cinema Paissandu, no Rio, mostrou hospitais sem condição de
atendimento, trabalho infantil e presos em situação precária.
E Sarney prometeu mudanças. “O Maranhão
não suportava mais nem queria o contraste de suas terras férteis, de seus vales
úmidos, seus babaçuais ondulantes e suas fabulosas riquezas potenciais, com a
miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero”, diz Sarney.
No início do filme, Sarney é saudado:
“Sarney, Sarney!”, gritam milhares de pessoas.
Enquanto a câmera passeia por um
hospital em péssimas condições, ouve-se a voz do novo governante: “O Maranhão
não quer a miséria, a fome, o analfabetismo, as mais altas taxas de mortalidade
infantil, de tuberculose, de malária”.
A crítica à violência, hoje realidade
no estado, também não ficou de fora.
“O Maranhão não quer a violência como
instrumento da política para banir direito dos mais sagrados que são os da
pessoa humana, com a impunidade dos assassinos garantidos pelos delegados e a
realidade reduzida apenas a uma oportunidade para abastardar os homens”, disse
Sarney, em 1966.
Hoje, em 2014, Roseana Sarney, filha de
José Sarney, continua fazendo as mesmas promessas.
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