Por Felipe Fiamenghi (Jornal da Cidade)
"Desde
que a Rússia invadiu a Ucrânia, estão "pipocando" vários
"emocionados", reproduzindo o discurso da esquerda e da imprensa (que
são basicamente a mesma coisa) e dizendo que o Presidente deve "repudiar
severamente" as ações de Putin.
Calma,
Justiceiro das Causas Perdidas. Respira! Eu sei que guerra é algo horrível e as
imagens divulgadas pela mídia internacional (que já devíamos estar cansados de
saber que SEMPRE elege um lado) são extremamente comoventes. Mas vamos entender
pelo menos o básico do que está acontecendo, antes de nos tornarmos
conselheiros do Itamaraty para política externa.
Primeiro:
Vale lembrar que há pouquíssimo tempo a esquerda defendia a Rússia nessa
história, pois considerava que a entrada da Ucrânia na Otan significava um
"avanço do imperialismo americano". O discurso só mudou porque o
decrépito Joe Biden, queridinho da militância, se tornou Presidente das terras
do Tio Sam.
Ou
seja, a discussão não é de hoje. Pelo contrário.
Vamos
começar voltando um pouquinho no tempo e entendendo O QUE É A OTAN. A
"Organização do Tratado do Atlântico Norte" foi criada em 1949, no
início da Guerra Fria, para "conter o avanço do comunismo (leia-se URSS)
no ocidente". Inicialmente, era composta por 13 países: Bélgica, Canadá,
Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega,
Holanda, Portugal e Reino Unido.
A
URSS, porém, se dissolveu em 1991, mas a OTAN continuou viva, ativa e
promovendo a adesão de novos países, inclusive de ex membros do Bloco
Soviético, como Lituânia, Estônia e Letônia, que aderiram em 2004.
Em
2014, após a deposição de Víktor Yanukóvytch, que era próximo de Putin e se
negou a aderir à União Européia, o aumento de rumores sobre a entrada da
Ucrânia, que possui mais de 1500Km de fronteira com a Rússia, na Otan, já foi
motivo de um grande desconforto no Kremlin, que respondeu anexando ao seu
território a península da Criméia, reivindicada pela Ucrânia como República
autônoma.
Após
a posse de Biden, as provocações sobre o assunto se tornaram mais frequentes e
passaram a contar com o apoio explícito de alguns líderes europeus, que têm
imenso interesse no controle da região, o que fez com que as tensões se
elevassem novamente.
O
assunto é extremamente longo, denso e, para compreendê-lo completamente, seria necessário
um livro de muitas páginas. Então, vamos focar nos interesses principais: A
Europa quer o controle da Ucrânia, pois o país é o principal fornecedor de gás
para o continente. A Rússia não quer a OTAN na Ucrânia, pois ficaria com 1500Km
de fronteira "vulnerável". Vale lembrar que outros países vizinhos já
aderiram à organização e a fronteira oriental do gigante Euro-asiático, após o
Pacífico, é justamente com EUA e Canadá (o Alaska, inclusive, já foi território
Russo. Lembram?).
As
grandes potências ocidentais "blefaram" e Putin, com o respaldo da
China, "pagou pra ver".
Agora,
prestem bem atenção no que vai acontecer daqui pra frente: Em pouquíssimo tempo
a Ucrânia se renderá. A Europa, que é dependente do gás ucraniano, negociará
com a Rússia e os EUA não moverão uma palha pelo assunto. No máximo, ameaçarão
sanções e publicarão algumas notas de repúdio. Não será dessa vez que eclodirá
a Terceira Guerra Mundial.
E
O BRASIL??
O
Brasil cala a boca! É briga de cachorro grande, que não tem nada a ver com a
gente. De preferência, mantemos amordaçado o general de pantufas que ocupa
nossa vice-presidência, antes que ele resolva ter outro "arroubo de
macheza" e fazer mais um discurso belicoso sobre uma situação onde estão
envolvidas as maiores potências nucleares do Planeta Terra.
Só
querem que o Brasil saia da neutralidade porque, há pouquíssimo tempo,
Bolsonaro garantiu que a Rússia supriria nossa demanda por fertilizantes; um
insumo vital para nosso agronegócio. O objetivo, então, é que, com um endurecimento
do discurso sobre um assunto que DEFINITIVAMENTE NÃO NOS DIZ RESPEITO, rompamos
os laços e, consequentemente, afetemos a produção do setor que mantém o país em
pé.
Não
haverá uma terceira guerra (não, pelo menos, dessa vez). Mas, se houvesse, vocês
REALMENTE acham que o Brasil, o maior produtor de alimentos e maior reserva de
água potável do Planeta, em vez de estar neutro, abastecendo o mundo com o que
ele mais precisaria, deveria se envolver e trazer para o nosso quintal um
conflito LITERALMENTE do outro lado da Terra, onde Biden, Macron, Johnson,
Putin e Xi Jinping estariam com os dedos nos botões de lançamento dos maiores
arsenais nucleares do Globo?
Os
próprios militantes, que hoje defendem a Ucrânia como se fosse uma donzela
virginal, não querem realmente um posicionamento. Sabem que Bolsonaro não vai
se pronunciar energicamente e, mais uma vez, estão moldando a narrativa para
desgastar o governo. Se o presidente mudasse de postura e adotasse um discurso
combativo, enlouqueceriam em críticas (com as calças todas borradas).
Pensem,
porra. PENSEM!!!"
"Antes
de entrar numa batalha, é preciso acreditar naquilo pelo qual se está
lutando." (CHUANG-TZU)