Reino de Salomão - Edir Macedo
muda a narrativa: como era, há sete anos, e agora, com uma nova liturgia que
coincide com a inauguração de templo de 685 milhões de reais (Instagram
e José Patrício/Estadão)
A construção de sua versão do Templo de
Salomão é apenas a parte mais vistosa da incorporação de símbolos do judaísmo
pelo líder da Igreja Universal
Por Juliana Linhares e Thaís Botelho
VEJA
De quipá, xale de orações, barba de
profeta e chamado por alguns de seus pastores de “sumo sacerdote”, o nome dado
ao religioso supremo do antigo povo de Israel.
Edir Macedo fez uma mudança
surpreendente na narrativa da Igreja Universal do Reino de Deus, a maior
confissão neopentecostal do país, criada por ele.
Os elementos da religião judaica que o
líder evangélico passou a incorporar imprimem um novo significado à sua obra
magna, o gigantesco Templo de Salomão do Brás, inaugurado na semana passada.
Uma vez que Macedo não ficou louco, não
rasga dinheiro nem pretende deixar de arrecadá-lo, a virada judaicizante é
analisada fora da Iurd à luz da carreira excepcionalmente bem-sucedida do homem
que partiu de zero para 1,9 milhão de fiéis em menos de quatro décadas — com um
pequeno encolhimento nos últimos anos, produto da concorrência.
“É uma estratégia de marketing. Ele
quer recuperar o que já teve e, fantasiado assim, dar uma nova guinada em sua
teologia. Edir é conhecido por não ter nenhuma coerência bíblica”, diz um dos
maiores líderes evangélicos do país, e concorrente de Macedo.
O Templo de Salomão, aberto com a
presença da presidente Dilma Rousseff e do governador paulista Geraldo Alckmin,
é um sinal de que Macedo pensa mais do que grande.
O templo original, descrito na Bíblia,
foi erguido em Jerusalém no reino de Salomão, quase 1 000 anos antes
de Cristo, como a primeira construção permanente de
louvor a Jeová, deus de Israel.
Foi destruído
por Nabucodonosor, rei da Babilônia, e
reconstruído em 516 A.C., sob a designação
conhecida como Segundo Templo.
Na catástrofe seguinte, foram as tropas
do Império Romano que puniram uma rebelião não só arrasando o templo como
levando o povo judeu à diáspora.
Um Terceiro Templo, místico ou real, é
esperado por judeus e cristãos que acreditam nas profecias sobre o fim dos
tempos.
Enquanto isso não acontece, mórmons,
maçons e agora a Universal fazem suas versões. Não é coisa pouca. No ano
passado, Macedo falou da grandiosidade de sua construção e aproveitou para
passar o solidéu: “Pensem em doar 10% — não é o dízimo — ao templo.
Só a iluminação dele custou 22 milhões
de reais. Vai somando. As 10 000
cadeiras, mais 22 milhões. As pedras, que vieram de Israel, 30
milhões. O som saiu por 10 milhões.
Estamos fazendo tudo do melhor. Amém, pessoal?”.
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