Por Roberto Moraes
Esse
mundo dos zilhões de dados que nos são capturados é que permite a construção da
chamada Inteligência Artificial (IA). A unidade dos dados há muito saiu da casa
dos gigabytes para os petabytes, mil vezes o terabytes que é também mil vezes
maior que a já grande unidade de gigabytes e segue indefinidamente.
Sem
essa captura dos nossos dados para traçar padrões e as tais redes neurais, a IA
ainda estaria engatinhando, atrás do que hoje já existe, entre várias
utilizações, as que servem ao mundo das finanças.
Com
seus milhares robôs e modelagens a partir dos Big Datas, o mundo das finanças
já descobriu que as pessoas que apanham empréstimos às quartas-feiras, são
melhores pagadores dos seus créditos.
Não
há racionalidade nisso. São os dados frios dizem os especialistas que atuam na
IA e vão extraindo cada vez mais valor de quem trabalha com essas inovações
tecnológica-financeiras.
Há
nesse campo muito a ser compreendido. Porém, arrisco dizer que ao contrário do
que muitos pensam, a IA não vai controlar os humanos com o aprendizado profundo
de máquinas, como sugeriu o marcante filme Matrix de duas décadas atrás.
A
ameaça não é da IA e da máquina controlarem e dominarem o homem e sim ampliarem
o controle sobre o nosso imaginário e suprimir, paulatinamente, a distância já
muito reduzida entre o real e a ilusão, tema que o sociólogo francês,
Baudrillard, se ocupou.
Essa
linha tênue entre o real e o digital projeta o metaverso, mas já existe entre o
capital fictício e a economia real, entre o fato e a versão e entre as tais
fake news e as narrativas.
Tudo
cada vez mais imbricado, complexo e difícil de ser decifrado. Talvez, fosse
mais fácil domar as máquinas do Matrix, do que as ilusões produzidas e
disseminadas para alimentar as dispersas bolhas que compõem o mundo
contemporâneo.
Roberto
Moraes é engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos,
RJ).
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