Malvado Lisboeta, virou-se para o seu vice-prefeito
Amado Ferretinho Batista e suspirou:
- Essa banda do Colégio Horizonte Perdido, bem que podia tocar o “tem jeito de fazer bem feito.”
O
locutor Barba Sem Bigode entrou na conversa:
-
Pior fiquei eu, anunciei o hino nacional e os comunistas do Ferretinho tocaram uma rumba.
Vice-prefeito
Ferretinho, óculos escuros, pinta de galã de gafieira, não gostou da acusação:
- Não fui eu, quem manda na banda é o Magriço Kid
Bispo
Bergamão, tomou o microfone:
-
Vamos abençoar os vivos e porque não dizer os mortos que um dia passarão por esse viaduto. Depois vamos fazer o que
mais gostamos.
Vice-prefeito
Amado Ferretinho Batista, lembrou logo de sua hérnia:
-
Ih! Esse bispo é uma mala. Aposto que é dar pulinhos. Se ele pedir pra pular, vou pular no pescoço dele.
Malvado
Lisboeta, rindo, feliz igual pinto no lixo:
-
Calma Ferretão, velho de guerra, o que são dez pulinhos pra São Longuinho.
Vice-prefeito
Ferretinho, um ateu sincero e realista:
- Esse bispo é doido, não sendo a vergonha, ninguém aqui perdeu nada pra pular a São Longuinho.
Bispo
Bergamão, mãos postas aos céus:
-
Irmãos, meu
auxiliar vai ler um trecho da carta dos Felipenses...
Malvado
Lisboeta, tomou um susto:
-
Ué, o que o Felipinho e o Felipe têm para me contar?
Indo em
direção ao novo viaduto, o prefeito Malvado Lisboeta e o governador Wilson do
Vídeo ficaram separados pela Doralice Beleza, uma baixinha de bonezinho que se meteu entre
eles.
Vice-Prefeito
Amado Ferretinho Batista, levou um sai da frente da baixinha, e não se conteve:
-
Prefeito, que diabo de baixinha é essa que o senhor arranjou, a velhota me empurrou e tomou minha frente?
Malvado
Lisboeta, irritado e falando entre os dentes:
-
Sei lá de onde veio isso, essa praga tá entre mim e o governador, deve ser
coisa de um daqueles Felipenses que o bispo falou, o da Câmara ou o do Nelson.
Vice-Prefeito
Amado Ferretinho, tentando se manter em pé:
-
Eu já perdi a conta de quantas vezes já tropecei na toupeira dessa velha aqui na minha frente.
Malvado
Lisboeta, tentando disfarçar a raiva que estava sentindo da danada da baixinha:
-
Agora ela cismou de me dar o braço, não posso fazer nada, nem um safanão, todo mundo tá filmando.
Amado
Ferretinho Batista, um exagerado:
-
Prefeito, peça aos seguranças pra tirar esse velhota de oitocentos anos daqui, tá
atrapalhando nossa caminhada com o governador...
Malvado,
rindo falsamente e falando entre os dentes:
-
Não posso, ela disse que é a Rainha da Baixada, o governador deu trela, e a miserável ainda pegou no braço dele.
Trintoitão
Vala Rasa, um dos seguranças, falou ao ouvido da baixinha:
-Ô
filhona, rapa fora senão vou lhe dar um sacode...
Doralice Beleza, não deu mole:
-
O governador deixou eu ficar. Tente me tirar se você for homem, seu corno manso.
Governador
Wilson do Vídeo, suspirou conformado e falou ao ouvido do Malvado Lisboeta:
-
Fala pra não reagir. Güenta firme, não podemos fazer besteira, estamos sendo
filmados.
Vice
Amado Ferretinho, nervos à flor da pele, diz no ouvido do Malvado:
-O tamanho do meu nariz faz eu captar
mais ainda o cheiro de naftalina dessa praga.
Doralice Beleza, virou-se para Ferretinho e fez careta com a língua pra fora:
-
Eu ouvi o que disse, cheiro de naftalina tem sua avó, seu petista renegado.
Vice
Amado Ferretinho, cerrando os dentes de ódio:
- Oh Deus, se você existe, eu queria apenas um minutinho a sós com ela, sem que ninguém nos visse!
Doralice Beleza, virou-se respondeu na ponta da língua:
-
Hum, eu ouvi de novo, quem disse que quero ficar a sós com você, seu narigão bonitão?
Nesse
instante, o governador saiu por um lado, Malvado Lisboeta por outro.
Vice-Prefeito
Ferretinho livre da Doralice Beleza, se apoiou na mureta do viaduto e desabafou:
- Hoje, deixei de ser comunista, Deus realmente existe. Pensei que fosse matar alguém ou
morrer...de raiva.
Os personagens são criações livres do autor, qualquer semelhança com pessoas é mera coincidência.
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