Por Joana Costa de Oliveira
Não sei se rio ou choro. Bom ver tantas pessoas na manifestação pelo hospital
da Posse. Até o bispo compareceu. Que lindo! Só que não! Será que só eu lembro
de algumas coisas?
Em
2006 o então candidato a prefeito, Lindbergh Farias fazia discurso inflamado dizendo
que “acabaria com a máfia do Hospital da Posse”. Colocou um militar como
diretor, fez reforma, conseguiu aumentar o repasse de R$ 6 milhões para R$ 9
milhões.
Desviou
tanto que virou alvo do Ministério Público e responde processo até hoje. Ah,
quase esqueço: fechou a maternidade Mariana Bulhões que tinha sido inaugurada
por Mario Marques. A planilha de custo do hospital na época virou peça de
inquérito no Ministério Público. O dinheiro simplesmente sumia da conta. Isso
tudo eu li na internet. Gosto de acompanhar.
Pois
bem. Nelson Bornier passou a primeira semana do seu mandato na Posse. Fez
reforma, melhorou o setor de emergência. O mesmo Bornier tinha municipalizado o
hospital na década de 90 quando foi prefeito a primeira vez. Bornier também
reabriu a Marina Bulhões, aumentou o número de leitos, inclusive.
O
então secretário de Saúde, Luizinho (hoje secretário de Estado de Saúde) também
montou acampamento na Posse. Mudou direção até de programas que davam certo.
Foi várias vezes à Brasília, pediu mais repasse. Conseguiu algumas migalhas. O
hospital funcionou razoavelmente por quatro anos. A ortopedia melhorou. Quebrei
o fêmur e fui muito bem atendida por lá. Dois meses para operar e andei de
novo.
Não
me lembro de ver o bispo falando nada a respeito. Nem me lembro de manifestação
de vereadores apoiando Luizinho em Brasília. Chegamos na campanha. Rogerio
Lisboa, que foi secretário de Obras de Lindbergh, traz a varinha mágica “do
jeito de fazer bem feito”. Hospital da Posse mais uma vez no discurso. “Vou melhorar.
É problema de gestão”. Três meses no cargo e o rapaz não tem como manter o
hospital e pede ajuda da sociedade civil e até da igreja. Rogerio foi deputado
estadual e federal, se não me engano. Quantas emendas para o hospital da Posse?
Quanto de verba? Quantas visitas para saber do funcionamento? Quantas vezes se
reuniu com o então secretário de Saúde quando este buscava ajuda? As respostas
são: nenhuma, nada, nenhuma e nenhuma de novo.
Ah,
Rogerio é iguaçuano, sempre morou na cidade. Onde será que ele passou os
últimos 4 anos, enquanto Bornier era prefeito? É preciso aumentar a verba do
hospital. Acredito que sim. Mas muito mais do que isso é preciso vergonha na
cara! Gestão, comprometimento.
Joana
Costa de Oliveira é professora na UFRRJ
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