O prefeito de Seropedrópolis, Luque Luquinha, adentrou o seu gabinete cuspindo marimbondo e gesticulando feito passista em dia de desfile:
— Não pode! Não pode! Isso não pode!
Dona
Magali, a secretária, tentando acalmar sua excelência:
—
Danosse, Luquinha! O que houve?
Luque Luquinha, suando em bicas e em pânico:
— Os
vereadores da oposição vão me denunciar ao Trump e pedir pra me aplicarem essa
tal de lei Maniquiste, só porque a cidade tá um lixo só!
Dona
Magali, incrédula: — Que sujeitinhos maldosos, prefeito! Logo agora que o
senhor queria ir à Disney conhecer o Mickey e o Pateta...
Luque Luquinha, com os olhinhos marejados de emoção, não sem antes levar à boca duas jujubas, seu doce predileto:
— Minha vida toda esperei por isso, Magali. Jeová sabe o duro que dei, economizando meus proventos pra essa viagem.
Magali,
solidária com o chefinho:
— Esses
vereadores não tiveram infância, são uns abomináveis...
O
prefeito Luque Luquinha colocou mais duas jujubas na boca, ajeitou a calça que
teimava em escorregar abaixo da cintura:
— Mas
isso não vai ficar assim! Magali, liga pro governador Castro Castrinho. Quero
falar com ele já!
Dona
Magali, curiosa:
— O que o senhor pretende fazer, prefeito?
Luque
Luquinha, com olhos faiscando de esperança:
— Quero
que ele me apresente o Duda Bozo, o filho do Bozo Pai! O cara é peixe do Trump.
Vou pedir pra ele aliviar minha barra com o lourão!
Magali,
em tom de alerta: — Prefeito, não é muito adequado dizer "Bozo"...
Desse jeito, vai só piorar as coisas.
Luque Luquinha,
dando-se conta:
— Ih, é
mesmo! Melhor chamar de Mito Kid. Assim limpo minha barra e ainda carimbo minha
passagem pra Disney.
Dona
Magali, prática: — Prefeito... não seria mais fácil pedir ao governador uns 300
caminhões pra tirar o lixo da cidade?
Luque
Luquinha, nervoso, dando pulinhos indignados:
— Tá
maluca?! Esse lixo não é prioridade agora! O que pode ser mais importante neste
momento do que meu salvo-conduto pra Disney?
Magali
balançou a cabeça, decepcionada:
—
Prefeito... a cidade virou uma lixeira a céu aberto!
Luquinha
foi categórico: — Magali, presta atenção: um dia de lixo a mais ou a menos não
faz diferença. Mas se a Maniquiste me pegar, tô frito! Tenho que me antecipar,
mulher!
Magali, aproveitou para sugerir o que a incomodava:
- Que tal propor aos vereadores disciplinar o som pancadão?
Luque Luquinha, viu que era furada:
- Endoidou de vez, mulher! O lixo os vereadores até supera, mas proibir o pancadão, quem se ferra sou eu.
Nesse
instante, o som de uma sirene de ambulância cortou e o prefeito, suando frio,
acordou, e deu um salto na cama:
— Valha meu Padroeiro São Guandu! Ainda bem que foi um sonho...
Passando
a mão pela cama à procura de conforto, Luquinha sentiu que algo estava
faltando:
— Ué...
Eu jurava que tinha trazido minhas jujubas pra dormir ontem...
E virando-se
para o lado, voltou a dormir o sono dos justos...
Nota do autor: Essa é uma obra de ficção. Os personagens são fictícios qualquer semelhança com casos, pessoas e mera coincidência.
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