terça-feira, 29 de julho de 2025

PREFEITO LUQUE LUQUINHA

O prefeito de Seropedrópolis, Luque Luquinha, adentrou o seu gabinete cuspindo marimbondo e gesticulando feito passista em dia de desfile:

 — Não pode! Não pode! Isso não pode!

 

Dona Magali, a secretária, tentando acalmar sua excelência:

— Danosse, Luquinha! O que houve?

 

Luque Luquinha, suando em bicas e em pânico:

— Os vereadores da oposição vão me denunciar ao Trump e pedir pra me aplicarem essa tal de lei Maniquiste, só porque a cidade tá um lixo só!

 

Dona Magali, incrédula: — Que sujeitinhos maldosos, prefeito! Logo agora que o senhor queria ir à Disney conhecer o Mickey e o Pateta...

 

Luque Luquinha, com os olhinhos marejados de emoção, não sem antes levar à boca duas jujubas, seu doce predileto:

— Minha vida toda esperei por isso, Magali. Jeová sabe o duro que dei, economizando meus proventos pra essa viagem.

 

Magali, solidária com o chefinho:

— Esses vereadores não tiveram infância, são uns abomináveis...

 

O prefeito Luque Luquinha colocou mais duas jujubas na boca, ajeitou a calça que teimava em escorregar abaixo da cintura:

— Mas isso não vai ficar assim! Magali, liga pro governador Castro Castrinho. Quero falar com ele já!

 

Dona Magali, curiosa:

 — O que o senhor pretende fazer, prefeito?

 

Luque Luquinha, com olhos faiscando de esperança:

— Quero que ele me apresente o Duda Bozo, o filho do Bozo Pai! O cara é peixe do Trump. Vou pedir pra ele aliviar minha barra com o lourão!

 

Magali, em tom de alerta: — Prefeito, não é muito adequado dizer "Bozo"... Desse jeito, vai só piorar as coisas.

 

Luque Luquinha, dando-se conta:

— Ih, é mesmo! Melhor chamar de Mito Kid. Assim limpo minha barra e ainda carimbo minha passagem pra Disney.

 

Dona Magali, prática: — Prefeito... não seria mais fácil pedir ao governador uns 300 caminhões pra tirar o lixo da cidade?

 

Luque Luquinha, nervoso, dando pulinhos indignados:

— Tá maluca?! Esse lixo não é prioridade agora! O que pode ser mais importante neste momento do que meu salvo-conduto pra Disney?

 

Magali balançou a cabeça, decepcionada:

— Prefeito... a cidade virou uma lixeira a céu aberto!

 

Luquinha foi categórico: — Magali, presta atenção: um dia de lixo a mais ou a menos não faz diferença. Mas se a Maniquiste me pegar, tô frito! Tenho que me antecipar, mulher!


Magali, aproveitou para sugerir o que a incomodava:

- Que tal propor aos vereadores disciplinar o som pancadão?


Luque Luquinha, viu que era furada:

- Endoidou de vez, mulher! O lixo os vereadores até supera, mas proibir o pancadão, quem se ferra sou eu. 

 

Nesse instante, o som de uma sirene de ambulância cortou e o prefeito, suando frio, acordou, e deu um salto na cama:

— Valha meu Padroeiro São Guandu! Ainda bem que foi um sonho...

Passando a mão pela cama à procura de conforto, Luquinha sentiu que algo estava faltando:

— Ué... Eu jurava que tinha trazido minhas jujubas pra dormir ontem...

 

E virando-se para o lado, voltou a dormir o sono dos justos...


Nota do autor: Essa é uma obra de ficção. Os personagens são fictícios qualquer semelhança com casos, pessoas e mera coincidência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário