A encenação corria normalmente até que sentindo uma chicotada mais forte, o ator que fazia o papel de Jesus Cristo pediu baixinho para outro que fazia o do legionário romano, para maneirar na chicotada porque estava doendo:
-“Aí colega, devagar no chicote, isso aqui é encenação! Tá machucando, amigo...”
O “legionário” deu nos ombros e cantou marra ao dizer que era um profissional e vivenciava o personagem, e pra vivenciar o personagem, ele tinha que bater pra valer.
Jesus largou a cruz que estava carregando, digo, o ator que fazia o papel de Jesus; largou a cruz e partiu para cima do colega que interpretava o soldado que o açoitava e cobriu o cara de porrada.
O público já acostumado com as versões da Igreja Universal na TV de que Jesus é um Deus de Vitória, gostou muito da reação do “Senhor”, algo assim como um milagre e quem sabe uma reviravolta na história do Cristo crucificado.
E nesse instante a plateia veio ao delírio e, assim como torcedores de times de futebol passaram a gritar rei, rei, rei o Jesus é o nosso Rei e, os mais fervorosos na fé chegaram a invadir o palco para ajudar o Jesus a bater no legionário, seguindo à risca os versos gospel music de esmagar a cabeça do inimigo.
Fanatismo religioso
caracteriza-se pela devoção incondicional e não é um domínio exclusivo dos fanáticos
muçulmanos, vale pra qualquer religião e, os bestinhas da
Porta dos Fundos que se acham acima do bem e do mal apostaram que no Brasil não existe extremistas religiosos...
Tomara que não, mas, não custa lembrar que por muito menos políticos e celebridades acusadas de corrupção não têm mais um só minuto de paz, sequer o direito de tomar um cafezinho em suas andanças pelos aeroportos e logradouros deste país...
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