domingo, 13 de agosto de 2017

A FAUNA DA FARSA

Na segunda metade do século passado, um “jornalista” de Duque de Caxias, fazia sua peregrinação na Câmara e na Prefeitura dos generais a fim de levantar um qualquer.

Sua picaretagem era democrática, não livrava a cara de ninguém, gabava-se de ser amigo de todos, e dizia com orgulho indisfarçável de que nunca em toda sua carreira teve um só desafeto.

Verdade, jamais se indispôs contra qualquer um deles, coisa assim de acender velas para Deus e o Capeta. Exaltava as excelências em seu jornal e nos microfones da Difusora com lágrimas nos olhos.

Os vereadores o adoravam. Por todas as legislaturas se fez presente, o mais laureado da imprensa nanica, festejado com as mais importantes medalhas da Câmara – e o primeiro da fila das verbas oficiais.

Certa vez, ao ser interpelado por um repórter do Jornal do Brasil, sobre os prefeitos e vereadores corruptos que se locupletavam no cargo, saiu com essa pérola:

- “Não existem provas e se existirem, não provam nada”. 

E continuou:

- “Acho inconcebível usar o microfone ou jornal para dizer que um político roubou. Onde se viu um homem culto, bem vestido, ser acusado de roubo, ladrão é quem assalta a mão armada; um prefeito, um vereador, um deputado e senador, nunca rouba!”

Hoje, se vivo fosse, essa espécie sem pudor, seria a versão dos tantos que vão ao Facebook fazer a claque do político de mandato, com mimos de abençoado, meu futuro prefeito, esse me representa, etc, etc... 

Não fosse a covardia de falar da Lei e da Ordem quando se trata de encouraçar os menos afortunados para ficar bem com as excelências, esse tipo de aberração poderia até receber a indulgência, afinal, trata-se da sobrevivência. 

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