Por Reinaldo Azevedo, da VEJA
Desculpem a crueza, mas não tenho
paciência para mistificações. Leio na Folha a seguinte informação, de Mônica
Bergamo. Prestem atenção. Volto em seguida.
A ex-senadora Marina Silva (PSB-AC)
telefonou ontem para Renata Campos, viúva do ex-presidenciável Eduardo Campos.
Foi a primeira vez que as duas se
falaram depois do acidente que matou o ex-governador.
A conversa durou mais de uma hora e foi
bastante emotiva.
Renata contou à candidata como estava cuidando dos filhos e como os quatro mais
velhos tinham reações distintas diante da tragédia.
Houve momentos de descontração em que
as duas rememoraram episódios divertidos da campanha.
De acordo com relatos que Marina fez a
interlocutores, a viúva estava serena e firme, a ponto de consolar a
ex-senadora.
“Eu quero te agradecer por você me dar
esse momento. Eu liguei para te confortar e, na verdade, quem me confortou foi
você com a sua tranquilidade e a sua força. Você é muito corajosa”, teria dito
Marina.
De acordo com testemunhas, as duas não
conversaram sobre campanha eleitoral.
Não tenho dúvida de que Mônica Bergamo
apurou exatamente o que está aí. Ocorrem-me algumas coisas. Vamos a elas:
1: era uma conversa privada, entre
Marina e Renata;
2: Renata não falou com a imprensa, como se sabe;
3: logo, quem falou “a interlocutores”, que, por sua vez, falaram com a
imprensa, foi… Marina Silva, este ser que flana acima do mundo, sem maldades.
Voltei:
Sinceramente… Eu estou entendendo
direito ou Marina, segundo a informação divulgada por seus “interlocutores”
pretende sofrer mais do que a viúva, mãe de cinco filhos.
Não é preciso ser muito rigoroso para
considerar indecoroso esse tipo de vazamento de “informação”. Não estou
criticando a jornalista, não — até porque, quando acho que é o caso, critico.
Cumpre a sua função e informa.
O que me incomoda, meus caros, é que
Marina está, vamos dizer, se comportando como a viúva política. E viúvas, como
se sabe, reivindicam, por força de sua condição, o espólio.
Com a devida vênia, esse tipo de
informação me causa mais repulsa do que admiração.
Reinaldo Azevedo é jornalista