Por Thiago Rachid
Com
a devida vênia do ilustre Carlos Gilberto Triel, faço algumas considerações
sobre o "bornierismo", forma como eu alcunhei o desdobramento da
política feita por setores da sociedade iguaçuana ligados e liderados pelo
atual Prefeito Nelson Bornier quando ele deixar o cenário eleitoral e
mandatário.
É normal que exista da parte do atual prefeito e de seus aliados a intenção da
manutenção de seu grupo na política iguaçuana. Isso é legítimo e até esperado.
Saúdo, inclusive, o fato do atual prefeito tentar formar lideranças de dentro
da cidade entre os mais jovens, como o faz com o Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr.,
com seu Secretário de Governo, Dr. Thiago Portela e com sua vice-prefeita, a
também Dra. Dani Nicolasina - para ficar em três exemplos - não fazendo como
outros grupos e partidos que colocariam um parente para substitui-lo - ainda
mais tendo um filho exercendo o mandato de deputado federal - ou trazendo algum
nome de fora da cidade, como apraz a certos partidos.
O
que é de lamentar na política iguaçuana é que outras forças políticas não
trabalhem para fortalecerem-se e poderem competir com essa que hoje é a única
força política nitidamente definida em Nova Iguaçu.
Curiosamente,
a despeito de termos tido recentemente um prefeito eleito e reeleito pelo
Partido dos Trabalhadores e uma vice-prefeita que assumiu a cadeira de prefeita
pelo Partido Democrático Trabalhista - ambos de fora da cidade - não vimos
crescer no seio desses partidos nenhuma força política para rivalizar com a
atual força hegemônica, nem na Câmara de Vereadores, onde ambos os partidos têm
representantes, tampouco no cenário eleitoral que se avizinha.
Sim,
teremos uma candidatura petista, porém sem nenhum apelo popular e para a qual
nada contribuiu a última gestão petista na cidade.
Gostaríamos
de saber, por exemplo, se o PT tem projeto de governo ou apenas projeto de
poder em Nova Iguaçu, haja vista que de 2005 a 2010, enquanto o PT governou a
cidade, não tivemos sequer a construção de uma escola, não tivemos nenhuma
perspectiva de dias melhores para Nova Iguaçu, sem contar o fato de o então
prefeito petista ter recebido a cidade com dinheiro em caixa e a devolvido
endividada e com um rombo divulgado de mais de um bilhão de reais. E o
resultado foi que o povo reconduziu o então ex-prefeito Bornier ao cargo.
O
que a cidade espera é ver muitas forças políticas rivalizando, sobretudo no
campo das ideias e dos projetos de cidade e não a política de criminalizar os
adversários, como se o defeito alheio fosse sua maior virtude.
Encerro
esse comentário dizendo que não sou um colunista licenciado, sou um
ex-colunista. E sou "ex" exatamente porque percebi que em Nova Iguaçu
ninguém quer debater o destino da cidade e da máquina pública como instrumento
de desenvolvimento econômico e social.
E
por "ninguém" não entenda uma força de expressão: ninguém é ninguém
MESMO.
É tudo o que tenho a dizer.
Thiago Rachid é advogado e ex-colunista
do jornal Correio da Lavoura