Por Alex Sandro Aragão Santos
Fato 1: Dilma Rousseff foi reeleita domingo com 54.501.118 votos;
Fato 2: segundo a última estimativa populacional publicada pelo IBGE no diário
oficial de União em 28 de agosto de 2014, o Brasil possui 202.768.562
habitantes.
Conclusão 1: a presidente foi reeleita com os votos de 26,8% dos brasileiros;
Conclusão 2: 73,2% dos brasileiros NÃO votaram em Dilma Rousseff.
Conclusão 3: se o vencedor fosse Aécio Neves, os números seriam bem próximos
destes.
Apesar de o Tribunal Superior Eleitoral calcular o percentual em relação aos
eleitores aptos a votar, que são 142.821.358, a presidente terá que governar
também pelos 59.947.204 de habitantes do Brasil que não fazem parte do cadastro de eleitores, por terem
deixados de votar em três eleições consecutivas, ou por serem menores de 18
anos que não se alistaram ou por serem estrangeiros ou por serem analfabetos que não se alistaram. Também não
estavam aptos a votar os jovens cumprindo serviço militar obrigatório.
Caso os cálculos que fiz sejam repetidos nos estados e nos municípios, os
percentuais serão bem parecidos, revelando no meu entender que o nosso país
vive uma crise de representatividade, ou seja, não nos sentimos representados pelos governantes que “a maioria”
elegeu. Contraditório, não?
Reparem que o número de habitantes do Brasil que não são eleitores ultrapassa
em mais de cinco milhões o total de votos obtidos pela vencedora.
Ao menos uma das razões eu consegui identificar: o descaso do jovem com a
política. Afinal, segundo o Jornal O Globo, um ano após as manifestações de rua
que sacudiram o país apenas 25% dos brasileiros com 16 e 17 anos exerceram seu direito e tiraram o título de
eleitor para votar neste ano.
Desde 2006, esse índice registra quedas
sucessivas. Naquele ano, o grupo de eleitores com menos de 18 anos representava 39% da população nesta faixa etária.
Em 2010,
encolheu para 32%. , e agora representa apenas um quarto da população nessa
faixa etária.
Segundo Marcus Figueiredo, doutor em Ciência Política pela USP, a descrença na
política tradicional é fruto da “campanha de oposição” feita pelos movimentos
sociais aos partidos nos últimos meses, afinal, as lideranças sociais passaram o ano inteiro dizendo que a
política não vale nada. Houve um ano de campanha contra os partidos e contra as
instituições representativas.
O problema é que não foram apontadas alternativas. Assim, se a política
tradicional não tem mais a capacidade de representar os jovens dos dias atuais,
que se mude a política. Mas que os movimentos sociais tenham a consciência de apontar novos caminhos, e que não
sejam apenas “do contra”.
Finalizando, neste ano, pela primeira vez na História, a faixa de eleitores com
mais de 60 anos ultrapassou a dos que têm entre 16 e 24 anos. A continuar desta
forma, o Brasil poderá vir a ser um país de jovens nas ruas e de idosos nas urnas.
Alex Sandro Aragão Santos é Consultor Legislativo, palestrante e servidor da
Câmara Municipal de Nova Iguaçu.
Facebook: alex aragão
E-mail: aragaoalexsandro@gmail.com.